2007/03/31

O grito

DR
Silêncio. Na garganta um grito sufocado dói. A necessidade de controlo e bem-estar domina o corpo já entregue ao cansaço. Exaustão. Uma curva perfeitamente delineada, para baixo, escreve a união dos lábios, que se colam de tristeza. Amargura. Um gosto azedo invade o teu ser, amadureceste oca, como se o mais frio dos Invernos te tivesse queimado o doce néctar que outrora almejaste. Chegaste ao fim nua, ferida, só. Olhas-te ao espelho, sobre as feridas vermelhas e muito vivas enxergas ainda as cicatrizes que outras lutas te deixaram. Nunca pensaste resistir ao segundo golpe. Confiaste. Demais. Perdeste.

2007/03/30

Os teus pés

Quando não posso contemplar teu rosto,
contemplo os teus pés.

Teus pés de osso arqueado,
teus pequenos pés duros.

Eu sei que te sustentam
e que teu doce peso
sobre eles se ergue.

Tua cintura e teus seios,
a duplicada purpura
dos teus mamilos,
a caixa dos teus olhos
que há pouo levantaram voo,
a larga boca de fruta,
tua rubra cabeleira,
pequena torre minha.

Mas se amo os teus pés
é só porque andaram
sobre a terra e sobre
o vento e sobre a água,
até me encontrarem.

Pablo Neruda

Banda Sonora do Momento

2007/03/29

Madrinhas e Padrinhos

Pessoal, vem aí a Páscoa. De todos aqueles que me chamam algo diferente do meu nome verdadeiro, i.e., Margarida, espero receber umas amendoazinhas. :)
Não me criam assim um bug no cérebro sem contrapartidas!!! eheh


(Aos que me chamam Guida abro uma excepção... Mas não devia!;))

As minhas feirinhas...


DR

Doçaria no Convento (Guimarães)
30 de Março a 1 de Abril no Convento de Santa Clara


DR

Feira do Folar de Santo Tirso
30 de Março a 1 de Abril na Praça 25 de Abril

Mham Mham...

Há uma gastronómica também em Penela, mas não sei a data. :(


Calma

2007/03/27

Be or not to Be

DR
Há muitos anos, uma "amiga" minha disse-me que, a ser atropelada, queria que fosse por um Mercedes. Fiquei sem resposta, estupefacta. Mas agora posso responder: É exactamente igual ser um Mercedes ou um Volkswagen ou qualquer outro carro de qualquer outra cor, a dor é a mesma. O truque está em, quando já nos aconteceu uma vez, não deixarmos que nos passem outra vez por cima, nem que seja um Jaguar S type.

2007/03/26

Ursula Rucker


Quarta Feira, às 21.30, no TAGV...
É nestas alturas que eu gostava de ter um trabalho remunerado o suficiente para os bilhetes, ou que o Pai Natal (ou a Oprah Winfrey) me enviassem pelo correio as ditas entradas... lol muito à americana. Seria lindo! eheh

(a imagem está péssima, mas o que conta é a música)

2007/03/25

Força

A vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos, conforme o metal de que somos feitos.

George Bernard Shaw

Arrumações

Em determinada altura ou momento, acho que todos nós passamos por uma fase em que temos uma necessidade enorme de preencher o vazio que sentimos, estabelecendo metas diárias, com objectivos e coisas muito específicas para fazer. Há quem corte o cabelo para simbolizar uma nova fase, esperando que com a nova aparência venha também um novo espírito; há quem vá às compras, com o mesmo efeito; há quem passe as noites fora, ocupando as horas deprimentes, aquelas antes de adormecer, onde cada pensamento pode ser torturante; há quem apanhe brutas bebedeiras ou precise de sentir a adrenalina da vida com comportamentos de risco; há quem faça tudo isto e outros há que fazem muito mais, desafiando a própria morte para se sentirem vivos. Todos temos o nosso escape, aquilo que momentaneamente nos faz sentir bem, mesmo que no minuto seguinte digamos “não sei como aconteceu”. É normal, muitas vezes incensurável e compreensível. Acima de tudo é humano, até para aqueles que passam a vida com uma fachada de rezingões. Todos quebramos, todos nos sentimos sozinhos algumas vezes, todos olhamos para o chão em alguma ocasião da vida, por não sabermos muito bem o que fazer, impotentes.

Desta vez decidi viciar-me na Anatomia de Grey, e arrumar. Arrumar o quarto, arrumar o carro, arrumar as lembranças, arrumar as gavetas como se estivesse a preparar uma casa para novos inquilinos, onde tudo tem de estar guardado e em harmonia para não tropeçarem numa memória bicuda assim que passem o hall de entrada, descalços. É saudável, e por mim.

Hoje sabe bem...

2007/03/24

Little Children


"It's the hunger; the hunger for an alternative and the refusal to accept a life of unhappiness..."

Muito Bom. Do género do Notes on a Scandal, gostei bastante. A ver.

Cansaço

2007/03/21

Denial*

Passamos a vida a desejar que algo arrebatador nos apanhe na vida e nos tire os pés do chão e nos envolva enquanto o “para sempre” durar. A verdade? Não queremos que esse dia chegue. Negamos o medo que sentimos toda a vida e passamos pelas coisas sem sentir muito bem o que achamos que desejamos. Lutamos e lutamos por metas inatingíveis, pessoas insubstituíveis, princípios inabaláveis, objectivos que achamos inquebráveis até chegarmos ao ponto em que um furacão passa por nós, nos dá a volta, e nos deixa no caos, para remendar todos os cacos que foram destruídos. Aí temos medo. Medo da mudança, medo de voltar, medo de reconstruir algo que poderá ser destruído outra vez, medo de darmos tudo por tudo. Aí esquecemos a coragem que tivemos, a força que sempre nos acompanhou e deixamo-nos levar muitas vezes pela estabilidade de uma água pacífica, de um relacionamento cómodo, de uma vida ilusoriamente tranquila. Negamos o que fomos e continuamos, agarrados a desculpas, mentindo até a nós próprios que conseguimos sozinhos. Mentimos tanto que acabamos por convencer quase todos que esta é a vida que queremos, e que estamos bem. A verdade é que mais tarde ou mais cedo adormecemos a pensar nos erros que cometemos e nos arrependemos profundamente de não termos lutado mais, tentado só mais uma vez, feito finca-pé até curarmos as feridas, juntos. E tornamo-nos uma enorme cicatriz que nem todos estão dispostos a massajar. Aí acreditamos que outra pessoa nos fará bem, nos tratará bem e nos transformará um dia, e que nos faça amá-la. Mas esse dia nunca chega, não se fabrica um furacão, ele não aparece quando queremos, mas também… quem disse que o queremos realmente?!


*Sometimes reality has a way of sneaking up and biting us in the ass. And when the dam bursts, all you can do is swim. The world of pretend is a cage, not a cocoon. We can only lie to ourselves for so long. We are tired, we are scared, denying it doesn't change the truth. Sooner or later we have to put aside our denial and face the world. Head on, guns blazing. De Nile. It's not just a river in Egypt, it's a freakin' ocean. So how do you keep from drowning in it?”
M. na AG

Let's Forget the World...


Love has its limits...
C. na AG

Primavera


Venham as alergias, venham os pós riscar as lentes, venha o pólen cobrir o meu carro e pintá-lo de amarelo, venha o calor, venha a noite orvalhada, venha o cheiro dos chuviscos quentes na terra molhada, venham as cores, venham as flores, venham os risos e a euforia, venha o saudosismo e a nostalgia, venha o amor.

2007/03/19

Last Try ;)

2007/03/18

Voltou!

Hoje estou assim

A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

Carlos Drummond de Andrade

Usei daqui

Comicidades da Vida

Quando nos apercebemos que para os outros estamos encalhados: quando dizem algo como,
1 - Tenho um amigo que ficava muito bem contigo, vou combinar jantar.
2 - Tens de arranjar alguém também...

:D Não deixa de ser cómico, especialmente porque, além de não andar à procura de outra pessoa, para alguém me atrair tem de ser muito muito peculiar, o que é difícil, portanto não há arranjinho que resolva. :)

2007/03/16

Dias de Sol e Mar

Sem tempo

:| Pouco tempo para escrever... Tanto aqui como nos meus caderninhos-maravilha, mas vou deixando o meu rasto (mesmo que por palavras de outros). No fim de semana resolvo o bloqueio mental.

Suricate

Quem foi que à tua pele conferiu esse papel
de mais que tua pele ser pele da minha pele

David Mourão Ferreira - Pele

2007/03/14

"Nós"

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

David Mourão Ferreira

2007/03/13

Peru



Um dia serei eu a tirar fotos destas neste sítio magnífico. Alguém quer vir comigo?

O Bom Pastor



Fui ver ontem. Pela primeira vez num filme disseram-me "Queres ir embora?", passadas duas horas de filme. :P
A realização até tem uns pormenores engraçados, mas o filme é demasiado longo e muito pouco entusiasmante. O argumento deixa muito a desejar e nem com os bons actores que tem consegue ser melhor. Saí da sala, após alguns dos meus "curto-circuitos de sono", sem saber muito bem o que tinha acontecido, com uma sensação de vazio super estranha.
Também não gostei do papel da Angelina Jolie. Ninguém a põe a fazer de adolescente sem caracterização. Já se nota muito bem a idade dela, enquadrada perfeitamente na parte mais recente do filme... agora como jovem de 19, 20 anos?
Não vou contar o resumo da história porque é demasiado complexo e porque eu também não gosto de ler resumos antes de ver o filme.
Por último, não desaconselho, porque acima de tudo cada um tem de ter a sua própria visão crítica, mas espero sinceramente que gostem e me contradigam.

2007/03/12

As palavras que te envio são interditas

As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.

Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.

E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.

Eugénio de Andrade

Bom início de semana

2007/03/09

A ti... II

Ausência


DR

2007/03/08

Porque não

Dia da Mulher? Brindar ao único dia em que todos (quase e sem querer generalizar) os homens se obrigam a ser agradáveis para as mulheres, com flores ou jantar, ou mesmo a passar a ferro meia dúzia de tshirts e toalhas que estão na pilha? Brindar ao dia que lembra que de facto as mulheres continuam a ser vistas como diferentes e a ter condições de emprego distintas dos homens? Brindar ao único dia que muitas mulheres têm como desculpa para ir jantar com amigas, deixando os filhos em casa com os maridos (que para muitos seria impensável noutro dia qualquer)? Etc etc… Hmmmmm Eu não!
Gosto de ser mulher, adoro sentir toda a minha feminilidade, não optaria por ter o outro género por nada. Mas sinceramente, custa-me que tenhamos de festejar um dia para celebrar a emancipação que, convenhamos, ainda está aquém da igualdade, se considerarmos o nosso país, e é completamente inexistente, noutras culturas. Relativismo? Sim, apoio, mas há factos e hábitos, como a mutilação genital feminina, ou privação total de ter um emprego ou de exercer direitos e deveres iguais a todos os cidadãos, que são indubitavelmente condenáveis, mesmo que uns mais que outros. Em Portugal, há imensas mulheres que perdem empregos ou “possibilidades de ascensão na carreira” por motivos familiares, porque ninguém acha que conseguirão conciliar. E o número de mulheres que sofre anualmente (ou diariamente até) de abusos ou algum tipo de violência doméstica?! Alguém já se apercebeu realmente da força das mulheres e que não deveríamos precisar de um dia no calendário para serem benevolentes connosco? Porque a verdade é que, a partir do momento em que já ultrapassámos as situações mais complicadas em termos de discriminação e atingimos neste país um patamar aceitável, vingaremos sempre!
Dia internacional da Mulher nestas condições? A menos que criem um dia do homem, do hermafrodita, dos H e dos LGBT, daqueles que não sabem, dos que questionam, dos cobardes e dos fortes, dos sortudos ao jogo, dos amantes de beringela e do badminton à chuva. No dia em que tudo tiver “um dia de” e que não seja por motivos que envolvam algum tipo de discriminação, aí sim… assim?! Não.

2007/03/07

Março

Março Novo. Vida Nova.

2007/03/06

Fotógrafos na Guerra

Palestina, 2001 Reinhard Krause


Acabo de ver um documentário no História sobre os fotógrafos no conflito israelo-palestiniano. É de louvar o esforço que todos fazem, quer de um lado, quer de outro, para mostrar ao mundo diariamente as mazelas da guerra interminável, todos pela Reuters. Reinhard Krause, alemão, devotou quatro anos a passar a fronteira entre Israel e os territórios palestinianos, fotografando de fora e de uma forma imparcial o conflito. Tem fotos muito boas.

Déjà Vu

Integrações

Depois de tudo te amarei
como se fosse sempre antes
como se de tanto esperar
sem que te visses nem chegasses
estivesses eternamente
respirando perto de mim.

Perto de mim com os teus hábitos,
a tua cor e a tua guitarra
como estão juntos os países
nas lições escolares
e duas comarcas se confundem
e há um rio perto de um rio
e dois vulcões crescem juntos.

Perto de ti é perto de mim
e longe de tudo é a tua ausência
e é cor de argila a lua
na noite do terramoto
quando no terror da terra
juntam-se todas as raízes
e ouve-se o soar do silêncio
com a música do espanto.
O medo é também um caminho.
E entre suas pedras pavorosas
pode marchar com quatro pés
e quatro lábios, a ternura.

Porque sem sair do presente
que é um anel delicado
tocamos a areia de ontem
e no mar ensina o amor
um arrebatamento repentino.

Pablo Neruda, O Coração Amarelo

Há seis meses atrás "postei" este poema... agora, continuo a gostar imenso dele. O Neruda é fantástico. :P

2007/03/04

Os Meus Passos


Só quem me conhece realmente bem entenderá todo o significado desta imagem (para mim).

2007/03/03

Versão diferente


Gosto dos sons e gosto dos video clips dos Postal Service. (que também têm uma música na banda sonora da minha Anatomia de Grey. Se alguém tiver o DVD da segunda temporada, diga. :))

Quando me ligam...

2007/03/02

?

Mas será esta a minha sina?

2007/03/01

Zé Cid em Coimbra


"Não sei viver sem ti amor, não sei o que fazer...
Faz-me favas com chouriço, o meu prato favorito..."

E só não são rojões à transmontana ou ameijoas à Bulhão Pato porque a rima era muito mais complicada! :D

Eu fui ver. Indescritível! lol