2008/12/30

Boas Saídas... e Melhores Entradas. :)


Ao melhor de 2008, e que 2009 tenha tantos ou mais momentos maravilhosos, novamente com esta ou outra banda sonora! ;)

Beijos e abraços!

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2008/12/27

...

Foi um momento
O em que pousaste
Sobre o meu braço,
Num movimento
Mais de cansaço
Que pensamento,
A tua mão
E a retiraste.
Senti ou não?

Não sei. Mas lembro
E sinto ainda
Qualquer memória
Fixa e corpórea
Onde pousaste
A mão que teve
Qualquer sentido
Incompreendido,
Mas tão de leve!...

Tudo isto é nada,
Mas numa estrada
Como é a vida
Há uma coisa
Incompreendida...

Sei eu se quando
A tua mão
Senti pousando
Sobre o meu braço,
E um pouco, um pouco,
No coração,
Não houve um ritmo
Novo no espaço?

Como se tu,
Sem o querer,
Em mim tocasses
Para dizer
Qualquer mistério,
Súbito e etéreo,
Que nem soubesses
Que tinha ser.

Assim a brisa
Nos ramos diz
Sem o saber
Uma imprecisa
Coisa feliz.
Fernando Pessoa

Momento Danone

"O bom tempo és tu!"

2008/12/24

:)



* era obrigatório... :) Feliz Natal!

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...

Não vejo. Não sei se por não ter como ou se por não querer. As estrelas vão alinhando à minha frente, mas será para mim que elas dançam, ou para outro tão cego quanto eu, que não vê o brilho que emanam? Ou será o cheiro? Não sei, eu não vejo. Nem sinto, não quero, nem sei se existo para querer. Ontem, no murmúrio de uma viagem, uma locutora duma rádio pirata fitou-me nos olhos, atravessou a minha cegueira e disse: vai e conquista! Mas seria para mim? Como, se eu estou mais cego do que aqueles que, por azar do Fado, tão português, traçado para eles, não podem efectivamente ver? Eu posso, mas não quero. Ver cansa, ver dói, ver dá trabalho. Observo os ponteiros que se sobrepõem, uma vez mais, nos meus dias, sei o que significa, mas quererei saber? Não quero… eu nem os vejo! São apenas um belo acaso que, em todo o caso, se deve ao atraso que lhes dei ao consertá-los. Fui eu que assim defini. Não te vejo neles, não podes ser assim, tão para mim. Ninguém pode, eu não mereço. Ou será que sim? Quem não vê, não sente… E eu não quero sentir. Quero passar o tempo anestesiado pela ignorância da escuridão, não daquele que não vê, porque esse vê mais do que eu, mas daquele que não quer, que esse não vê nem o mundo a desabar à sua volta. Não sente o frio, é mais fácil. O frio abre feias feridas na alma, e eu já nem sei se a tenho para sofrer com isso. Saí à rua a tropeçar em amoras silvestres que tenho de cuidar, para que o meu jardim não se torne mais seco e agreste que o Sahara todo ele num só pedacinho muito meu, mas como, se eu não vejo? Saberei tocá-las com toda a atenção devida, e alimentar os deuses e a minha força? Tenho medo de perdê-las, por isso cego, é protecção diária contra o que não sei se alguma vez saberei, ou chegarei perto. O meu coração bate, por elas, por ele, o pé, aquele que nasceu e cresceu, assim, porque tinha de ser, porque estava escrito. Mas eu calo-o… afinal, nem sei ler! Fico longe, assim, cego, perdido nos passos que não dou, nas palavras que não consigo discernir, nos olhares que não enxergo significado. Sinto muito, com a força dos abraços que te dou, mas temo, estou cego!

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Carta a um Amor da Vida

Quando os olhos se perdiam em histórias fantásticas que imaginávamos nas janelas do prédio em frente, abandonado há muito, mas cujas persianas mais ou menos fechadas nos faziam criadoras do real ficcionado, julgávamo-nos intocáveis, inabaláveis, como se a paz estivesse ali e ninguém pudesse rasgar a fotografia do momento perfeito. Tudo parecia resultar numa facilidade e humor muito nosso, brincando e voando com guarda-chuvas mágicos, alegres e em harmonia como dentes de leão estivais, pelos vendavais que por nós iam passando. Ninguém que nos visse duvidaria da relação perfeita entre a calma e a tempestade, entre a paz e a intempérie, tão latina, que tornaria a coexistência um misto de gargalhadas e silêncios, todos eles sentidos, todos eles aceites e tão bem compreendidos. Fazem-me falta os degraus cantantes, e as loucuras gastronómicas, e até as sopas de cebola, intercaladas com batidos de banana, num sacrifício, de gigante para as gulodices que somos, só com piada porque partilhado contigo. Hoje os mais pequenos pormenores do quotidiano como rodar a chave na porta ou olhar o reflexo que não reconheço ao espelho se tornam demasiado solitários, sem alguém para ouvir os meus devaneios de musa perdida. Sabíamos de antemão que o futuro chegaria, e que a dupla, ou até mesmo o trio ou quadra que se juntava à volta de um pedaço de ambrósia quente, seria impossibilitado, por caminhos agrestes, de repetir a sazonalidade dos encontros. Nunca o negámos. Mas, e os murmúrios das divagações nocturnas no sofá, quem as ouvirá agora? Quem melhor para as ouvir? Quem desligará a massa que ficou por cozer? O Mundo é nosso, e sempre será, e o no meu sempre estará o teu, como parceiros fiéis em batalhas de Tolkien, cujos exércitos virão em defesa sempre que necessário. Somos elfos, humanos e anões, todos juntos, todos contra as nuvens que às vezes se tornam demasiado carregadas de tudo o que é mau para desaparecerem sozinhas. Ter-me-ás, lealmente, para sempre.

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2008/12/21

Christmas' Wish

Nesta quadra gostaria de ter pelo menos 15 minutos, de qualquer um dos meus dias, dignos de entrar no Love Actually*. :):)

*o meu filme de domingo-natalício-no-sofá favorito :P

2008/12/20

Rigel's Christmas OST


Have Yourself a Merry Little Christmas!

Beijinhos, Abraços e Boas Festas a tutti!!

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2008/12/19

Brincadeiras...

A solidão é cada passo dado,
num barco velho e cansado que vai seguindo,
aquela luz trémula que mora ao fundo,
onde o mar parece petróleo escuro,
E o Sol se esconde do Mundo.

A vela, em vão, içada,
rasgada,desgastada, pelo vento,
que impiedoso passou, naquele momento,
em que muito era o alento,
e razão, pouca.

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2008/12/18

Sobre Amoras Aguerridas...

DR

2008/12/13

...

Ah! arrancar às carnes laceradas
Seu mísero segredo de consciência!
Ah! poder ser apenas florescência
De astros em puras noites deslumbradas!

Ser nostálgico choupo ao entardecer,
De ramos graves, plácidos, absortos
Na mágica tarefa de viver!
...

Quem nos deu asas para andar de rastos?
Quem nos deu olhos para ver os astros
- Sem nos dar braços para os alcançar?!...
Florbela Espanca

2008/12/12

Momento OST

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2008/12/10

Telegrama à Coragem

Há dias assim, em que o único som que ouvimos, muito ao longe, como se estivesse noutro espaço, noutra era, é o bater de um tempo que suaviza por momentos, e nos faz flutuar. Em que os arrepios nos fazem querer ficar, parados, até sermos tocados, envolvidos, abraçados profundamente, como se nunca aqui estivéssemos, mas sim ali, onde nunca deixámos de estar. Em que os dias que nos apagariam da memória, e nos tornariam meras imagens fugazes daquilo que um dia quisemos ser, se afastam para onde vai tudo aquilo que jamais acontecerá, perdendo-se no temor de um salto no vazio. Em que os medos, por momentos, desaparecem com a rapidez de um sorriso, e a profundidade de uns olhos que são livres dos grilhões impostos por uma mente complexa, fechada dentro de si própria, travando discussões acesas entre o ser, ou não ser. Deixamos escapar o brilho do que se sente, assim, sem proferir uma única palavra, olhando, apenas, com a vontade de divagar entre as curvas do horizonte. Há dias em que todas as cores parecem fundir-se num longo caminho, a percorrer calmamente, sem medo, retirando de cada passo a sabedoria de uma vida, respirando, até à meta, até ao futuro, que será sempre nosso. Há dias só teus.

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2008/12/07

Calma OST



"Você é assim!" :P

2008/12/05

...

Quer pouco: terás tudo.
Quer nada: serás livre.
O mesmo amor que tenham
Por nós, quer-nos, oprime-nos.

Não só quem nos odeia ou nos inveja
Nos limita e oprime; quem nos ama
Não menos nos limita.
Que os deuses me concedam que, despido
De afetos, tenha a fria liberdade
Dos píncaros sem nada.
Quem quer pouco, tem tudo : quem quer nada
É livre ; quem não tem, e não deseja,
Homem, é igual aos deuses.

Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

2008/12/04

Carta ao Pai Natal

DR
Sei que o trabalho é mais que muito e os pedidos acumulam numa montanha de perder de vista o topo e as vontades de quem as escreve. Sei que o tempo é escasso, e o poder de abarcar tudo é muito limitado, mesmo com os duendes, sedentos de satisfazer todas as exigências daqueles que nem sabem se foram bons ou maus. Sei que uma noite é utopia para quem decide dar o mundo ao mundo sem nada pedir em troca, a não ser um copo de leite e umas bolachas que normalmente entrega aos pequenos ajudantes, frenéticos, ávidos de docinhos e alegrias. Sei que o tempo voa, mais rápido que o trenó, por mais força que o Rudolfo empregue nessa jornada, para a qual se prepara todos os dias, com exercícios longos e exigentes, movido pela coragem necessária para subir naquela noite, a mais importante de todo o ano. Sei que o meu pedido será apenas mais um, entre as loucuras que não conseguirás jamais concretizar, por querer mais do que está ao alcance de habitantes da Lapónia, do Mundo, ou até mesmo de qualquer ser com poderes superiores habitante além, perdido no Universo. Mas esta noite, só esta noite, gostava que as terras se unissem, e os oceanos se afastassem para deixar passar a grande massa que aproximaria almas e corações, misturando calor e o frio num eterno equilíbrio térmico, congelando abraços fortes e sentidos para todo o Tempo conhecido. Gostava de poder caminhar até ao limite da zona equatorial, por dias e noites sem cessar, sem cansar, parando apenas para colher em cada rua, em cada região, em cada país, algo para partilhar um dia, ao chegar à meta. Gostava que esse caminho fosse curto, demorando apenas o tempo que fosse preciso, nem mais, nem menos, e que, ao chegar, pudesse descansar a cabeça, afagada por mãos divinas, nuns braços abertos só para mim. Gostava que os olhos brilhassem, novamente, iluminados pelo reflexo da lua nas bolas e fitas de natal perfeitamente colocadas numa sala, com lareira acesa, tapete fofinho e duas taças de gelado, ou apenas uma, sempre com duas colheres, que ainda trago, escondidas, no único local que nunca deixa de andar comigo. Gostava que a neve nos escondesse do Mundo, como se formasse um palácio majestoso de cristal, onde reinasse a paz, e o amor, tão próprios e desejados nesta quadra, para um todo o sempre muito meu. Se tal não for possível, só por uma noite, leva-me contigo, e deixa-me percorrer o espaço de um suspiro saudoso, que espera todas as manhãs a surpresa maior debaixo do Pinheirinho, ou à beira de uma cama vazia. E aqui vai o meu único pedido, para este Natal. Bom trabalho, e boa viagem.

Calma OST

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2008/12/03

Carta à Solidão


ML

Ainda ontem te vi passar no olhar da senhora que todas as quartas traz o pão quente, caseiro, que vende porta a porta para aconchegar a parca reforma de uma vida de mulher, dependente do marido. Não estava de preto, não tinha lenço à cabeça, mas a tua presença nos olhos cinzentos, mais baços do que vidro no Inverno, afastava qualquer comentário ou dúvida sobre a dor daquele ser franzino. Movia-se lentamente, como um filme antigo em slow motion, arrastando com ela o teu peso naquela existência, escurecida pelo dia em que te encontrou, escondida numa esquina perdida na cidade, inesperada. Antes de ti, a vida era fácil, e calma. Vivia preenchida entre as refeições que preparava numa casa de cinco, e os afazeres de um lar cheio de murmúrios suaves, conversas diárias e gargalhadas loucas, daqueles que olhava com orgulho. Agora tem-te a ti.
Mostraste-me então que hoje, mais do que nunca, acompanhas os passos daqueles que, afastados por uma força que os transcende, se cruzam comigo com os olhos opacos, alheados do mundo, preenchendo contigo a falta de alguém, ou de algo. És uma presença cruel, para quem não souber de ti tirar proveito, capaz de mergulhar a maior felicidade num poço de pensamentos sombrios, e loucos. Questiono por momentos a tua vontade de brincar com aqueles que se completam, atirando-os para lutas distantes, separados, obrigando-os a aguentarem o sabor amargo que deixas nos lábios secos, de tão sós se encontram, e a inércia de umas mãos que não podem mais tocar o calor, outrora vital. Mais eficácia te reconheço quando, no meio de uma multidão, te encontro, mesmo ao meu lado, apagando uma a uma as faces que rodeiam alguém, de sorriso forçado, ou ruga vincada na testa, quase imperceptível, marca de um rosto que não deixas relaxar, que não libertas. Naquele que no café brinca com o copo, ou finge que lê a página do jornal, durante minutos longos a mesma, tentando esconder-te bem fundo na sua alma, para que ninguém se aperceba que lá estás. Mas um olhar atento vê-te claramente, impune, perante a dor constante de muitos dos que passam, sem tocar, todos os dias.
Manhãs há em que te encontro ao espelho, ao reprimir as palavras que ficam por dizer ou as brincadeiras que se perdem no passar do tempo contigo ou os beijos matinais perfeitos, que procuro em vão, de olhos fechados, num misto de sonho e realidade. Fito-te tranquilamente, sei como te encarar, e converso contigo, sem que me ouças, deixando o sorriso atenuar as arestas afiadas que vão aparecendo na tua forma, e a que outros ferem tão profundamente. Fazes parte da minha rotina, acompanhando-me lado a lado, não me subjugas a uma existência vazia, de mera sobrevivência num mundo que vais dominando. E, por vezes, até a minha página de jornal se torna demasiado longa, e a notícia demasiado distante do meu pensamento, que voa para lugares onde não posso estar. Mas sei que és efémera e, como tudo, um dia, desvanecerás.

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2008/12/01

Desabafos...

Às vezes, na melancolia da chuva, questiono até que ponto as pessoas, mesmo as mais próximas, conhecerão coisas tão banais como a minha cor favorita, ou o filme, o escritor como qual gostaria de escrever um dia, o meu Mestre, ou como é o meu riso... Até que ponto nos deixamos mesmo conhecer?

Mag e o Mr. Frosty...


... em amena cavaqueira.

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