2008/12/04

Carta ao Pai Natal

DR
Sei que o trabalho é mais que muito e os pedidos acumulam numa montanha de perder de vista o topo e as vontades de quem as escreve. Sei que o tempo é escasso, e o poder de abarcar tudo é muito limitado, mesmo com os duendes, sedentos de satisfazer todas as exigências daqueles que nem sabem se foram bons ou maus. Sei que uma noite é utopia para quem decide dar o mundo ao mundo sem nada pedir em troca, a não ser um copo de leite e umas bolachas que normalmente entrega aos pequenos ajudantes, frenéticos, ávidos de docinhos e alegrias. Sei que o tempo voa, mais rápido que o trenó, por mais força que o Rudolfo empregue nessa jornada, para a qual se prepara todos os dias, com exercícios longos e exigentes, movido pela coragem necessária para subir naquela noite, a mais importante de todo o ano. Sei que o meu pedido será apenas mais um, entre as loucuras que não conseguirás jamais concretizar, por querer mais do que está ao alcance de habitantes da Lapónia, do Mundo, ou até mesmo de qualquer ser com poderes superiores habitante além, perdido no Universo. Mas esta noite, só esta noite, gostava que as terras se unissem, e os oceanos se afastassem para deixar passar a grande massa que aproximaria almas e corações, misturando calor e o frio num eterno equilíbrio térmico, congelando abraços fortes e sentidos para todo o Tempo conhecido. Gostava de poder caminhar até ao limite da zona equatorial, por dias e noites sem cessar, sem cansar, parando apenas para colher em cada rua, em cada região, em cada país, algo para partilhar um dia, ao chegar à meta. Gostava que esse caminho fosse curto, demorando apenas o tempo que fosse preciso, nem mais, nem menos, e que, ao chegar, pudesse descansar a cabeça, afagada por mãos divinas, nuns braços abertos só para mim. Gostava que os olhos brilhassem, novamente, iluminados pelo reflexo da lua nas bolas e fitas de natal perfeitamente colocadas numa sala, com lareira acesa, tapete fofinho e duas taças de gelado, ou apenas uma, sempre com duas colheres, que ainda trago, escondidas, no único local que nunca deixa de andar comigo. Gostava que a neve nos escondesse do Mundo, como se formasse um palácio majestoso de cristal, onde reinasse a paz, e o amor, tão próprios e desejados nesta quadra, para um todo o sempre muito meu. Se tal não for possível, só por uma noite, leva-me contigo, e deixa-me percorrer o espaço de um suspiro saudoso, que espera todas as manhãs a surpresa maior debaixo do Pinheirinho, ou à beira de uma cama vazia. E aqui vai o meu único pedido, para este Natal. Bom trabalho, e boa viagem.

3 Olhares:

Blogger Bruno S :

Parece um bom pedido, mas me lembra um ocorrido com um amigo meu.

Um belo dia ele encontrou a lâmpada mágica com o gênio.

O gênio disse que ele tinha um pedido. Muito gentil, ele pediu a paz mundial.

O gênio argumentou que aquilo era muito complicado, que ia além dos poderes dele. Disse que o pedido devia ser mais simples.

- Ok. Faça o Vasco campeão brasileiro.

- Tudo bem. Você venceu. Vamos a paz mundial.

18:19  
Blogger Margarida :

:):) Benfas campeão tb era um excelente pedido... vou pensar nisso, e já agora, que seja vencedor da champions em 2010!!! ahahah

02:56  
Blogger JulieSkywalker :

Tenho a certeza que, com uma carta destas, o pai natal não vai conseguir resistir ao teu encanto, e vai atender ao teu pedido. É o mínimo que pode fazer por uma alma tão doce :)


Beijinhos

R.


P.S. Inspiraste me! Como eu adoro o natal :)

22:09  

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