Nós, os Intes...
Enquanto uns se sentem invisíveis, eu passei a semana a questionar o que seremos nós efectivamente, os dos meios intes. Num famoso programa de TV diziam que os novos trinta eram os cinquenta, e muito do que referiram estava certíssimo, mas nem por uma vez referiram como ficam os vinte e tal nessa equação. Já não somos a rampa de lançamento para os estáveis trinta, com tudo definido, mas não podemos igualmente considerar-nos uma adolescência tardia, somos demasiado maduros para isso, pelo menos a maioria. Seremos então um mero gap caótico da adolescência à procura de nós mesmos que inicia nos trinta, o grupo invisível que vai lutando sem reconhecimento ou consciência de si? Ou o patamar essencial que é erradamente esquecido na análise da nossa evolução, fundamental para a descoberta do nosso eu?
Sendo nós os bebés Eco, os nascidos nos anos 80, somos uma geração diferente, transitória, de um tempo em que a vida aos 25 estava definida, para um estado em que a vida começa efectivamente aos 40. Mas, como em todas as transições, é este meio em jeito de cobaia, de ensaio, que tem de aguentar as indefinições do que já não é e do que não se sabe se irá alguma vez ser correcto ou definido. Uma amiga dizia-me “somos umas folhinhas ao vento, a aguentar o inverno todinho, com todas as chuvadas e ventanias”, como os que são criados para suportar intempéries, incertezas de uma existência que supostamente se atrasa. O que isto diz de nós? Que temos de ser a geração dos super-heróis, daqueles que se reinventam diariamente para descobrir uma forma milagrosa de encontrar o caminho certo. Somos os destemidos cidadãos do mundo, porque assim temos de ser, não porque nos sintamos mal no sítio onde estamos. Ainda assim, poucos são os que se lembram de quão importante esta nossa fase é, esquecendo-nos páginas a fio de livros técnicos de ajuda e de como se ser completo a partir dos 30, 40, 50… A verdade é que, sem saber como vamos, muitos sabemos para onde queremos ir, quem queremos ser ou o que recusamos na vida, mesmo que isso vá da ambição mais pequena à mais desmedida. Talvez nem precisemos mesmo desse tipo de literatura.
De salientar são também os nichos próprios das fases de passagem, de grupos que permanecem atrás, outros mais vanguardistas, e aqueles que não sabem onde se encaixar. Se há uns anos era o mais normal casar aos vinte e pouco, ter filhos antes dos trinta, com emprego e casa e roupa lavada, hoje a normalidade está dispersa em grupos bastante distintos e que se reconhecem com apenas uma observação atenta, sem análise detalhada. Ao grupo daqueles que não seguiram o ensino superior, normalmente, e que mantém fielmente esse padrão de outrora, vistos frequentemente nos passeios de domingo à tarde em casal, nos jantares a par em casa ou escolha conjunta de tudo o que um lar num futuro (próximo) precisa, opõe-se aquele que se acha ainda muito novo para esse estilo de vida, que não tem dia para sair, não pede a ninguém permissão, não se justifica e o nós que conhece é o de um grupo de amigos/as, únicos inseparáveis e insubstituíveis da sua vida. No meio estão aqueles que, apesar de manterem o padrão de relação, são aventureiros para escolher o enriquecimento da individualidade acima de tudo, atrasando por motivos de força maior a vida dos primeiros. São os que se integram tanto no primeiro grupo como no segundo, sabendo gerir muito bem o tempo e o espaço social e privado. Claro que isto é apenas uma generalização, não é um dogma, nem aplicável a todos, apenas ao mundo que me rodeia, por mais pequeno que seja, que eu gosto bastante de observar. Importante é esta diversidade de padrões deste “nós”, os de vinte e tal, parecidos com os de trinta e poucos vanguardistas e tão longe dos mesmos conservadores.
Recuso-me a considerar então que somos o patamar caótico, mas sim a essência daquilo que se seguirá, mesmo que ainda não nos dêem o devido valor, sabendo que será do que definirmos, em conjunto, que virá a próxima mentalidade. Dentro desta nossa incerteza temos os meios para escolher, agir, decidir, e nem todas as gerações podem orgulhosamente aclamar-se como detentoras deste poder, mesmo que invisível. Sempre me ensinaram que é impossível agradar a gregos e a troianos, portanto pelo nosso pé e a nossa vontade lá chegaremos, nem que para isso tenhamos de aguentar, ou até mesmo provocar, tempestades. Simplesmente porque nós, os de vinte e tal, podemos.
Sendo nós os bebés Eco, os nascidos nos anos 80, somos uma geração diferente, transitória, de um tempo em que a vida aos 25 estava definida, para um estado em que a vida começa efectivamente aos 40. Mas, como em todas as transições, é este meio em jeito de cobaia, de ensaio, que tem de aguentar as indefinições do que já não é e do que não se sabe se irá alguma vez ser correcto ou definido. Uma amiga dizia-me “somos umas folhinhas ao vento, a aguentar o inverno todinho, com todas as chuvadas e ventanias”, como os que são criados para suportar intempéries, incertezas de uma existência que supostamente se atrasa. O que isto diz de nós? Que temos de ser a geração dos super-heróis, daqueles que se reinventam diariamente para descobrir uma forma milagrosa de encontrar o caminho certo. Somos os destemidos cidadãos do mundo, porque assim temos de ser, não porque nos sintamos mal no sítio onde estamos. Ainda assim, poucos são os que se lembram de quão importante esta nossa fase é, esquecendo-nos páginas a fio de livros técnicos de ajuda e de como se ser completo a partir dos 30, 40, 50… A verdade é que, sem saber como vamos, muitos sabemos para onde queremos ir, quem queremos ser ou o que recusamos na vida, mesmo que isso vá da ambição mais pequena à mais desmedida. Talvez nem precisemos mesmo desse tipo de literatura.
De salientar são também os nichos próprios das fases de passagem, de grupos que permanecem atrás, outros mais vanguardistas, e aqueles que não sabem onde se encaixar. Se há uns anos era o mais normal casar aos vinte e pouco, ter filhos antes dos trinta, com emprego e casa e roupa lavada, hoje a normalidade está dispersa em grupos bastante distintos e que se reconhecem com apenas uma observação atenta, sem análise detalhada. Ao grupo daqueles que não seguiram o ensino superior, normalmente, e que mantém fielmente esse padrão de outrora, vistos frequentemente nos passeios de domingo à tarde em casal, nos jantares a par em casa ou escolha conjunta de tudo o que um lar num futuro (próximo) precisa, opõe-se aquele que se acha ainda muito novo para esse estilo de vida, que não tem dia para sair, não pede a ninguém permissão, não se justifica e o nós que conhece é o de um grupo de amigos/as, únicos inseparáveis e insubstituíveis da sua vida. No meio estão aqueles que, apesar de manterem o padrão de relação, são aventureiros para escolher o enriquecimento da individualidade acima de tudo, atrasando por motivos de força maior a vida dos primeiros. São os que se integram tanto no primeiro grupo como no segundo, sabendo gerir muito bem o tempo e o espaço social e privado. Claro que isto é apenas uma generalização, não é um dogma, nem aplicável a todos, apenas ao mundo que me rodeia, por mais pequeno que seja, que eu gosto bastante de observar. Importante é esta diversidade de padrões deste “nós”, os de vinte e tal, parecidos com os de trinta e poucos vanguardistas e tão longe dos mesmos conservadores.
Recuso-me a considerar então que somos o patamar caótico, mas sim a essência daquilo que se seguirá, mesmo que ainda não nos dêem o devido valor, sabendo que será do que definirmos, em conjunto, que virá a próxima mentalidade. Dentro desta nossa incerteza temos os meios para escolher, agir, decidir, e nem todas as gerações podem orgulhosamente aclamar-se como detentoras deste poder, mesmo que invisível. Sempre me ensinaram que é impossível agradar a gregos e a troianos, portanto pelo nosso pé e a nossa vontade lá chegaremos, nem que para isso tenhamos de aguentar, ou até mesmo provocar, tempestades. Simplesmente porque nós, os de vinte e tal, podemos.
Etiquetas: Estórias Histórias Textos e Poesias
4 Olhares:
Tenho certeza que esses questionamentos te acompanharão pelas próximas décadas.
Beijo
Fala a sabedoria de alguém com 80 anos... :):):):)
ehehehehe
Nós somos realmente aquela geração indefinida, pelo que temos nas nossas mãos a verdadeira responsabilidade de nos tornarmos naquilo que quisermos, dependendo de nós e das nossas acções hoje a forma como seremos lembrados amanhã.
Não temos já a juventude e o frenesim de quem ainda desfruta da vida académica e desse espírito mais juvenil, mas não possuímos ainda a estabilidade de quem já tem um casamento, uma família ou uma casa para preservar.
Temos no entanto algo mais estimulante do que isso: o desafio de ser e de viver, desenhando com nossos gestos um futuro risonho, escrevendo um presente incomparável,transformando cada momento num quadro eterno e memorável.
Vamos aceitar o desafio e conquistar essa imortalidade que nos é de direito?
Beijinho
Ainda no f-d-s um amigo comentava que para os jovens já somos adultos e que para os adultos ainda somos jovens...
Onde é que isso nos deixa exactamente???!!!
m.
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