2008/03/31
2008/03/27
Curta
Dobram-se os joelhos, com a força da dor da vergastada que levou num segundo. Gela a cara, o corpo, com o frio do momento que o arremessou e colou ao chão. Pára de pensar e sonhar as horas perdidas a voar em confins luminosos, de dragões e unicórnios. Caiem os braços, membros activos nas lutas e delícias da competição, desanimados pela inquietação. Dói a coroa pesada numa cabeça leve. A realidade voltou.
DR
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Musicovery
Para quem, como eu, aprecia uma boa banda sonora como componente essencial de um grande filme, viajando cada vez que ouço os primeiros acordes de Yann Tiersen, Ennio Morricone, Max Steiner, entre outros, aconselho a opção “Soundtrack” do Musicovery. Experimentem.
Dia Mundial do Teatro
Miserável país aquele que não tem heróis.
Miserável país aquele que precisa de heróis.
Miserável país aquele que precisa de heróis.
Bertolt Brecht
Feliz Dia, especialmente para ti, Riquiti!
Raios!
"Ainda não foi desta que a formação das quinas logrou a «desforra» da derrota na final do Euro-2004, diante da Grécia. Também não era isso que estava verdadeiramente em causa, mas ainda assim ficou um travo amargo no final da partida, só amenizado com o golo de Nuno Gomes." [artigo completo]
2008/03/26
2008/03/25
2008/03/24
Sobre Fins de Semana prolongados...
Quando estudamos, não damos tanto valor aos fins de semana ou oportunidades de pausa que temos como no momento em que entramos no mundo de trabalho, sem férias ou paragens à discrição (praticamente). Por isso, bendita a Páscoa para nos dar um fim de semana prolongado para passear pelas zonas de Portugal que ainda não conhecemos. Desta vez, Buçaco! Os caminhos para passeio são muito bonitos e ficar ao Sol sentada no cruzeiro foi delicioso. A chuva deu tréguas só por um dia e pude dar mais atenção à paisagem envolvente, propícia a histórias de aventuras longínquas, quando o Homem ainda caminhava descalço pelas pedras e camadas de fetos destas matas. Muito Bom.
Espero lá voltar com a Canon analógica para tentar reter algum daquele brilho. Tarefa quase inexequível.
Não fui eu que tirei esta foto mas podia bem ter sido ( adoro fotografias de água, especialmente quando a congelo). :)
Não fui eu que tirei esta foto mas podia bem ter sido ( adoro fotografias de água, especialmente quando a congelo). :)
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2008/03/20
...
Ah! querem uma luz melhor que a do Sol!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol que o Sol,
O que quero é prados mais prados que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores que estas flores —
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!
Querem prados mais verdes do que estes!
Querem flores mais belas do que estas que vejo!
A mim este Sol, estes prados, estas flores contentam-me.
Mas, se acaso me descontentam,
O que quero é um sol mais sol que o Sol,
O que quero é prados mais prados que estes prados,
O que quero é flores mais estas flores que estas flores —
Tudo mais ideal do que é do mesmo modo e da mesma maneira!
Alberto Caeiro (F. P.)
Questão
Mas quem foi o sádico que além de separar as finanças em dois blocos distintos(obrigando o utente a "fazer piscinas" e aguardar longos minutos em cada um), ensinou os funcionários a trabalhar em slow motion?
2008/03/19
Curiosidade
Já brincava imenso quando no Brasil tinha sempre de chamar de "pães Franceses" aos Cacetinhos, lá na padaria da esquina da minha rua. Agora, que descobri que os ditos pães, no Pingo Doce, são "brasileiros", o fartote ao pedir "dois brasileiros, por favor" é ainda maior, especialmente pela ironia na confusão de nacionalidades. Coitadinho do Cacetinho... :P
...
Falam da dificuldade de ser regado a alegria,
de tons vivos nas paredes nocturnas,
de um olhar quente numa manhã enublada.
Falam do medo de fins anunciados,
da morte arroxeada, caída de repente,
da escuridão de um poço sem fundo.
Falam do horror a fantasmas de passados,
sombrios e erróneos, únicos na sua verdade,
vividos com vibrante temor e arrependimento.
Falem-me das nuvens negras, carregadas,
e de alucinações de monstros assassinos...
Mas enquanto puder aproveitar o dia,
envolvida pelo calor polar dos trópicos,
estarei viva, segura e bem.
de tons vivos nas paredes nocturnas,
de um olhar quente numa manhã enublada.
Falam do medo de fins anunciados,
da morte arroxeada, caída de repente,
da escuridão de um poço sem fundo.
Falam do horror a fantasmas de passados,
sombrios e erróneos, únicos na sua verdade,
vividos com vibrante temor e arrependimento.
Falem-me das nuvens negras, carregadas,
e de alucinações de monstros assassinos...
Mas enquanto puder aproveitar o dia,
envolvida pelo calor polar dos trópicos,
estarei viva, segura e bem.
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2008/03/12
...
Devias estar aqui rente aos meus lábios
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um
- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
Só no teu rosto e nunca em mais nenhum
para dividir contigo esta amargura
dos meus dias partidos um a um
- Eu vi a terra limpa no teu rosto,
Só no teu rosto e nunca em mais nenhum
Eugénio de Andrade
A Foca que conquistou a Manta do Mar
Andava um dia uma Foca perdida nas ondas da sua vida, quando avistou, ao longe no mar, uma Manta a brincar. Como era linda a pequena figura, distraída no mundo que inventava na água que remexia, escorregadia, luzídia, como se reflectisse os próprios raios solares. Parada, a Foca observava o nadar irreverente da Mantinha, quieta, na sua paciência de ser inteligente, calmo, quase divino. A precaução de mergulhar o Mar para acompanhar as curvas que se moviam graciosamente à sua frente, nas suas aventuras, nos seus caminhos diários, demorou a Foca a saltar, presa na margem estável que a segurava . Indagava mundos perdidos e ganhos, o toque da Manta na sua pele molhada, o riso de partilha de histórias e heróis marítimos, e combates contra monstros temíveis, juntos. Enquanto isso, a pequena Manta, consciente dos olhos que a fitavam, aproximou-se da fronteira entre Mar e terra, pronta, sem puxar, a suster o salto da Foca, esbelta, única, cuja luminosidade envolvente lhe conferia um ar transcendental, irreal, como criatura pertencente a mundos imortais, inefáveis. A vontade de tocar os contornos daquela aura atraente, da qual não conseguia parar de olhar, era enorme, mas, orgulhosamente, jamais lho diria. Todos os dias Foca e Manta se procuravam, entristecendo naqueles em que não se encontravam, no lugar de sempre, uma à beira, a outra no Mar. Até que, no último dia, quando a pequena Manta estava prestes a desistir da busca, eis que a Foca salta para o Mar, onde, segundo consta, ainda se podem encontrar, os dois, harmoniosamente, a ofuscar inimigos com o brilho que irradiam, a dançar deliciosamente nas ondas que acariciam, a brincar, tal como no primeiro dia.
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2008/03/10
2008/03/06
2008/03/05
...
Não temas o que digo, mas sim o que não digo. É no Silêncio que moram as Trevas do meu Mundo.
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Sobre as Estações...
O Tempo é traiçoeiro como uma raposa e feroz na pele e na alma. Há por isso que vivê-lo bem, sentir o calor do Sol no Verão, o frio do Inverno, saborear cada folha que cai no Outono ou árvore que floreia na Primavera, e até aceitar a chuva teimosa de Abril. Portugal tem ainda (apesar de em muito menor escala do que quando era mais pequena e via todo um ano a passar, com todos os sintomas que aprendemos na escola e que correspondem às estações do ano) um clima que nos permite sentir o vento a passar, aguardar pacientemente os dias de Verão e gostar do frio (não muito gelado) do mês de Dezembro. Penso que em todos os países Mediterrânicos será assim. Sabemos como é bom estar a lareira no Natal, e sentir o conforto de uma casa quente ao chegar de uma caminhada exterior, e adoramos o Mar e a praia da nossa costa tão peculiar em si mesma e tão diferente do Norte ao Sul. De certa forma, a existência de uma demarcação temporal faz-nos aproveitar ao máximo os dias de sol no inverno, para passeios e recarregamento de energias, e as chuvas torrenciais, especialmente para a doçura dos nossos frutos. Temos um guarda roupa diversificado, desde os maiores sobretudos quentes aos tops, sainhas e bermudas, decotados. Somos a calma do Inverno, a alegria primaveril, a paixão ardente e a melancolia do Outono.
Essencialmente sentimos falta, e sempre me ensinaram que, às vezes, é essencial para aprendermos a dar valor aos pequenos traços da Natureza. De tudo, aliás.
E não há muito mais a dizer, sou portuguesa em tudo e, basicamente, só tenho a criticar quando nos esquecemos do que nos torna únicos e tentamos imitar outros muito diferentes, como no Carnaval da Mealhada. É pena.
Essencialmente sentimos falta, e sempre me ensinaram que, às vezes, é essencial para aprendermos a dar valor aos pequenos traços da Natureza. De tudo, aliás.
E não há muito mais a dizer, sou portuguesa em tudo e, basicamente, só tenho a criticar quando nos esquecemos do que nos torna únicos e tentamos imitar outros muito diferentes, como no Carnaval da Mealhada. É pena.
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2008/03/01
Horizonte
O mar anterior a nós, teus medos
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
Esplendia sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa ---
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esperança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte ---
Os beijos merecidos da Verdade. *
Tinham coral e praias e arvoredos.
Desvendadas a noite e a cerração,
As tormentas passadas e o mistério,
Abria em flor o Longe, e o Sul sidério
Esplendia sobre as naus da iniciação.
Linha severa da longínqua costa ---
Quando a nau se aproxima ergue-se a encosta
Em árvores onde o Longe nada tinha;
Mais perto, abre-se a terra em sons e cores:
E, no desembarcar, há aves, flores,
Onde era só, de longe a abstracta linha.
O sonho é ver as formas invisíveis
Da distância imprecisa, e, com sensíveis
Movimentos da esperança e da vontade,
Buscar na linha fria do horizonte
A árvore, a praia, a flor, a ave, a fonte ---
Os beijos merecidos da Verdade. *
Fernando Pessoa