A Foca que conquistou a Manta do Mar
Andava um dia uma Foca perdida nas ondas da sua vida, quando avistou, ao longe no mar, uma Manta a brincar. Como era linda a pequena figura, distraída no mundo que inventava na água que remexia, escorregadia, luzídia, como se reflectisse os próprios raios solares. Parada, a Foca observava o nadar irreverente da Mantinha, quieta, na sua paciência de ser inteligente, calmo, quase divino. A precaução de mergulhar o Mar para acompanhar as curvas que se moviam graciosamente à sua frente, nas suas aventuras, nos seus caminhos diários, demorou a Foca a saltar, presa na margem estável que a segurava . Indagava mundos perdidos e ganhos, o toque da Manta na sua pele molhada, o riso de partilha de histórias e heróis marítimos, e combates contra monstros temíveis, juntos. Enquanto isso, a pequena Manta, consciente dos olhos que a fitavam, aproximou-se da fronteira entre Mar e terra, pronta, sem puxar, a suster o salto da Foca, esbelta, única, cuja luminosidade envolvente lhe conferia um ar transcendental, irreal, como criatura pertencente a mundos imortais, inefáveis. A vontade de tocar os contornos daquela aura atraente, da qual não conseguia parar de olhar, era enorme, mas, orgulhosamente, jamais lho diria. Todos os dias Foca e Manta se procuravam, entristecendo naqueles em que não se encontravam, no lugar de sempre, uma à beira, a outra no Mar. Até que, no último dia, quando a pequena Manta estava prestes a desistir da busca, eis que a Foca salta para o Mar, onde, segundo consta, ainda se podem encontrar, os dois, harmoniosamente, a ofuscar inimigos com o brilho que irradiam, a dançar deliciosamente nas ondas que acariciam, a brincar, tal como no primeiro dia.
Etiquetas: Estórias Histórias Textos e Poesias
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