2009/02/25

...

Espreitava em seus olhos uma lágrima,
e em meus lábios uma frase a perdoar;
falou o orgulho, o seu pranto secou,
senti nos lábios essa frase expirar.
Eu vou por um caminho, ela por outro;
mas, ao pensar no amor que nos prendeu,
digo ainda: porque me calei aquele dia?
E ela dirá: porque não chorei eu?
Gustavo Adolfo Bécquer

2009/02/20

Calma OST

Etiquetas:

2009/02/13

Festas Latinas... :)





(Estas tinha de pôr... :P)

Etiquetas:

Regresso do S. Valentim

Feliz dia dos de hoje, dos de sempre, dos ex, dos futuros, dos potenciais e de todos os que optam por estar sozinhos. Feliz dia dos que se amam a si, ao próximo ou ao longíquo. Feliz dia dos platónicos, dos racionais, dos comodistas, dos especiais e dos banais. Feliz dia dos consumistas e dos hyppies. Dos que negam, dos que choram, dos que se revoltam e dos românticos iludidos. Feliz dia porque sim, porque não, porque talvez. Dos que querem, dos que não querem e dos que não sabem sequer. Dos burros falantes e dos suricates que mordem.
Ouçam o Respect, o I'm every woman ou Zé Cid (que também alegra eheheh). Vistam lingerie sexy, olhem-se no espelho e sintam-se bem. Dancem. Comam souffle de chocolate, quindins e cheesecakes. Façam jantares exóticos, com alguém ou apenas com o Malato. Comam morangos com chocolate fundido e champanhe. Excedam-se! O melhor deste dia somos mesmo nós, por sermos especiais e únicos, com ou sem alguém que o confirme!
(Once again, feliz dia amanhã, como todos os outros dias do calendário!!! :) )

Etiquetas:

2009/02/11

...

Outrora disse que, sem dúvida, o melhor de se viver num país com as estações do ano bem definidas é dar-se um valor inestimável a dias destes, em que o Sol decide voltar, para aquecer corpos e almas, depois de semanas e semanas de nuvens e chuva... Hoje, a mim, apeceteu-me ir para a rua, ouvir músicas destas... De facto, uma delícia entendida apenas por alguns. Como eu adoro o Sol... :)

Etiquetas:

2009/02/10

Citações

Se caminhasses num terreno plano, se tivesses a boa vontade de caminhar e desses apesar disso passos à retaguarda, então tratar-se-ia de um caso desesperado; mas como sobes um pendor tão escarpado como tu próprio visto de baixo, os passos para trás só podem ser provocados pela natureza do terreno e não tens que desesperar.
Franz Kafka

Conexão NY-Edimburgo IV

Enquanto descia as escadas de madeira do prédio onde era recém-chegada, com a rapidez do stress da pontualidade lusitana, e cumprimentava o porteiro que, cuidadosamente, lhe abria a porta, imagens do que estava para vir e do que foi voltaram, como invasores que ninguém quer, e não se está à espera. À frente do prédio, para a rua, dez degraus tornavam-se agora a ponte para um novo caminho, um postal em branco, o melhor para aqueles que, como ela, pensavam no futuro, mas que, no presente, era muito difícil de aceitar. No topo das escadas, ao ouvir a porta fechar-se atrás dela, algo a deteve, e estagnou. Nem toda a euforia do momento a tinha imunizado da decisão de se separar do lado que alimentava nela os sonhos, e cuidava dos sorrisos enquanto dormia, do seu coração. “Todos os primeiros passos são assim…”, pensava, com a certeza de quem se tenta convencer a si mesmo, mais do que todos os outros, em longas conversas sobre coragem e desafios destemidos, lutas e vitórias sobre dragões ferozes. Sentiu agora a sua força como uma música que passava muito na rádio antes de voar, “I’m strong on the surface, not all the way through”, que trauteava enquanto, como criança envergonhada de sair da sua rede de segurança, acariciava o corrimão, sem descer. Os primeiros passos são assim, difíceis, determinantes, arriscados, mas, normalmente, trazem em si uma alegria única, de quem, finalmente, aprende a andar. Dez degraus era o que lhe faltava passar para tal, mas eles afiguravam-se agora maiores do que o próprio medo que enublava a sua mente, os seus olhos, paralisando os movimentos e a confiança. Lembra-se do primeiro passo dado para uma escola desconhecida, para uma faculdade fria, para tango argentino acabrunhadamente dançado, para uma primeira noite sem se tocarem, para uma queda de água sem temor, ou para um porta-bagagens cheio de memórias que teve de ser esvaziado. Todos, cada um com o seu grau de dificuldade, haviam sido vencidos, revelando pequenas delícias que ela reconhecia tão bem, nos acasos que se mostravam diariamente, e que apenas uma palavra teria mantido, palavra essa que nunca chegou a ouvir, e nunca disse, perdendo a coragem de arriscar na única tentativa que efectivamente queria. Nem os ensinamentos do Master Yoda, “try not, do”, nas horas em que, pequena, se julgava Jedi, a tinham ajudado a desbloquear o caminho, enublado pela única força que ela se recusava a combater, a única que poderia salvar ou impedir o rumo que já os deuses haviam escrito…
Naquele momento ninguém a reconheceria, também, ainda ninguém a conhecia ali naquele mundo tão diferente do seu, para notar a diferença de um bambu a vergar de ansiedade e peso da parte incompleta daquele ser. “Is everything ok, Miss?”, espreita o porteiro, único espectador da agonia dela, face à incapacidade de descer ao passeio, à rua, à nova cidade. “Yes, thank you”, ela mentia com todos os sorrisos que tinha, afinal, nem era ali que ela queria mesmo estar, e só agora se tinha apercebido, respirando o ar que a debilitava, mesmo sem a humidade, outrora razão de noites de respiração difícil, mas que ela desejara, sem se aperceber. Como seria tentar ficar na cidade mais mística que conhecia? Sentou-se a meio, para retemperar as energias que a tinham levado até ali, fossem as correctas, de vontade pessoal e ambição benéfica, ou incorrectas, nas entrelinham das palavras que não se disseram, e que nunca tinham deixado o tempo fluir. Quem diria, ao retirar as coisas da mala, há vinte minutos atrás, que questionaria tudo, e ponderaria voltar atrás, e arriscar não separar o que sentia do que queria?! Nas reflexões dos momentos antes de vir já sabia que, fosse qual fosse a decisão, sem Edimburgo, ficaria sempre dividida, como a personagem do Barco Negro, pela voz inconfundível de Mariza, mas só naquele momento ouvia realmente as velhas loucas da praia a atazaná-la, e a puxar veementemente para o lado escuro da realidade. Mas esse nunca seria o seu lado, eles eram feitos de luz, e essa, é indestrutível. E assim, decidia, observando-se, sem se mexer…

Etiquetas:

2009/02/09

Momento OST


And you say "just be here now,
forget about the past, your mask is wearing thin"
Let me throw one more dice,
I know that I can win!
I'm waiting for my real life to begin...

Etiquetas:

2009/02/06

Atentem durante 2 minutos...



... porque pela garantia dos direitos humanos, nunca será tempo perdido...

2009/02/02

Tréguas...

Procura-se um amigo
Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.
Vinicius de Moraes