2008/06/24

Mariza em Santarém



Para quem achou que o Fado estava morto e pertencia às camadas mais velhas da sociedade, desengane-se. Na Praça de Touros de Santarém, no sábado passado, muitos foram aqueles que se aprumaram para ouvi-Lo cantar, pela voz de uma das maiores fadistas actuais, se não a maior mesmo. Era uma gente linda, de várias idades, origens distintas, e camadas sociais diversas, mostrando que o Fado é transversal, e único. Durante uma hora e meia sensivelmente, Mariza arrasou e levou a plateia a dançar, bater palmas, sorrir e até, como em todo o bom Fado, chorar. Num ambiente com ar do Portugal profundo e cor do calor de um povo que se uniu, como se algo muito forte o ligasse, foi com paixão que se ouviu o grande “Oh Gente da Minha Terra”, verdadeiramente arrepiante para todos os que ali se já se sentiam portugueses de corpo e alma. Para mim, só faltou mesmo o "Há uma música do povo", esperado ansiosamente, mas que nunca chegou. O concerto foi a apresentação mundial do novo álbum, Terra, que sairá no final deste mês, e promete, pela amostra, ser ao nível dos anteriores, sem dúvida alguma.

2008/06/19

Persistência!



Vá... Já só faltam três jogos. Desforrem o de 2004!

(Foto antiga, mas foi a única que consegui encontrar com o máximo de jogadores deste ano, incluindo o eterno Figo -- que devia ter voltado!)

2008/06/16

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Assim eu quereria o meu último poema.
Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais
Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas
Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume
A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos
A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.
Manuel Bandeira

2008/06/06

Queima 2004



20,21 aninhos... Tão pequeninos que éramos. :P

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"No matter what the future brings"

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Hoje roubei todas as rosas dos jardins
e cheguei ao pé de ti de mãos vazias.
Eugénio de Andrade

2008/06/05

F., Salif Keita - Salif Keita, F.



Eis as apresentações feitas, com um toque de Cesária Évora.

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É na inexistência que encontras a tua real aparência.

Caminho para o Jardim II

“Rigel, perdido nos desígnios difíceis da sua vida, encontrou uma nova amiga para espairecer da contínua luta por um melhor lugar no jardim -- a lagartixa. Quando sozinhos, à noite, antes de adormecer, o réptil acompanha a nossa plantinha libertando-a de armadilhas mentais e túneis intermináveis de medos nos quais se afunda sempre antes de cair no mundo de Morfeu. Fala-lhe de personagens peculiares, histórias únicas de passados que nunca existiram, e futuros construídos na base dos sonhos irreais, entretêm-se os dois pelo tempo que pára quando se juntam, até cederem ao cansaço do dia e caírem redondos, na terra firme que os sustém.
Ontem foram reis. Inventaram um novo destino, mais fácil para Rigel, naquele jardim, sempre com a sorte de ter o que precisa e o que sempre desejou, paz para crescer e viver sem perigo de extinção. Cavalgaram então por terra e mar em busca de um líquido milagroso, mágico, capaz de manter o pé de amora forte, com um caule espesso e inquebrável, capaz de aguentar o pior dos tornados, a monção mais destruidora e a seca mais longa. Enfim, a poção mágica dos tais gauleses das histórias aos quadradinhos que devorou até terminar a colecção. Sabe todos quase de cor, e deu várias vezes a volta à Gália, prendendo-se em Lutécia, com os dois divertidos irredutíveis. Era um deles nessas aventuras, como foi mosqueteiro, super-herói, e de vez em quando até um vilão temível, capaz de derrotar aranhas, extra-terrestres, capitães e morcegos. Até guerreiros medievais, com espadas inquebráveis, se fosse o caso.
Agora está com a lagartixa e com ela sente-se bem e leve na sua caminhada. Ontem, como dizia, percorreram o longo território de Munch, o horrível feiticeiro herbicida, que houvera morto tudo o que vivia e era verde (até o grande mutante feroz e o sapo falador, que o tentaram derrotar). Diz-se de um dia em que um grande amor ligado à natureza das heras, desses que se fala por aí e tem rosto de actriz conhecida, o tentou matar com um beijo envenenado, sem saber ela que transformaria um bom e sábio mágico, num ser cruel e vingativo. Desde então, incapaz de atacar a única razão da sua loucura, mata impiedosamente tudo o que cresce na terra que o rodeia, planeando uma investida continuada e permanente em todo o planeta. Como sempre, e é comum nas aventuras, e no sonho de Rigel não seria diferente, o líquido mágico, roubado aos nenúfares guardiães do espaço fechado, de onde tudo o que é bonito brota por toda a parte, está com Munch, na sua cave escura, de um cinza doentio. A respiração é difícil naquele antro há muito esquecido pela vida, o ar é de uma densidade estranha, uma humidade tipo tropical mas manchada pela crueldade do ser que o habita e contamina.
Rigel e Lagartixa percorrem então o negro caminho para a dita poção, sem olhar para trás, e raramente olhando para a linha do horizonte que marca a fortaleza do feiticeiro, porque a coragem é aguerrida, mas a cobardia ainda mais teimosa. Pensarem mais de um minuto significaria desistirem da missão sagrada que os movia, e isso não podiam fazer, sentiriam sempre, muito mais..."
-- Hey, o que estás para aí a dizer? Acordaste-me!
-- Peço desculpa, caro aventureiro, falarei mais baixo a partir de agora.
-- Isto de ser omnisciente não devia ser permitido. Falavas do meu sonho, é mesmo isso??
-- Sim, algum problema?
-- Desde que me trates com pompa e circunstância e não refiras imprecisões como essa da cobardia, tudo bem.
-- Registado, podes adormecer tranquilo.
-- Acho bem.
"Uma interrupção nocturna e o sonho é suspenso , o bravo e corajoso , e nem por um segundo cobarde, pé de amora tenta novamente adormecer. O dia foi longo, o próximo não o será menos. E até onde irá Rigel no sonho, e na sua vida naquele Jardim que adora?"

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