Quando é que deixámos de sonhar?
“ As gerações estão a degradar-se”, frase comum que me dizem cada vez que me queixo daquela dor nas costas que a minha mãe só teve aos 40, e a minha avó muito mais tarde. As dores que outrora eram características dos entas assombram impiedosamente agora os intes, sobre os quais muito pouca gente fala. Até os AVC e os problemas cardiovasculares parecem ter chegado mais cedo! Esta semana ouvi uma amiga a falar do peito descaído, das estrias, das celulites como uma força cruel, sugadora da nossa vivacidade... Mas pior do que isso, é estarmos a perder a coragem e a vontade que deveríamos ainda ter, e deixarmo-nos levar pelo comodismo cada vez mais cedo. Não devíamos ainda estar na idade que querer mais e melhor? De sonhar?
Esta semana parei para observar os que me rodeiam, mais perto ou mais longe, e cheguei à conclusão que, de facto, estamos a envelhecer cada vez mais rápido de espírito, enquanto escondemos as rugas com cremes milagrosos e tratamentos caríssimos. Desde quando é que as mulheres de vinte e pouco aceitam que os namorados gostem de outra pessoa sem refilar, sem lutar por isso, sem se darem uma hipótese de serem felizes com quem realmente gosta delas, única e exclusivamente?! Será o medo da solidão mais um fantasma que ataca pessoas cada vez mais novas? Habituámo-nos a ouvir que a vida é demasiado curta, mas não tanto. Acredito que ainda há vários caminhos a percorrer e várias portas que podemos escolher para sermos o mais felizes possível. Se alguma não for correcta, temos tempo para voltar atrás e abrir outra, o nosso prazo de validade não expira assim tão facilmente. Teremos desaprendido a respirar fundo e a acreditar mais em nós, não aceitando se não for o melhor, lutando até lá chegarmos? Estaremos assim tão dependentes de alguém para nos sentirmos completas e estáveis, esquecendo o que é gostarmos de nós ao espelho, mesmo sem alguém ao nosso lado, a acariciar-nos as costas? É bom gostar de alguém, e querer fazer tudo por essa pessoa, mas se não somos únicas, não haverá qualquer sentido numa entrega diária, completa, cultivando uma relação que nunca será aquela que esperamos, ou que tivemos um dia. A menos que estejamos totalmente felizes com a partilha do nosso par perfeito. Se assim for, nada a acrescentar.
Sinto o mesmo relativamente à nossa apatia perante o emprego. Não sei se será por estarmos em Portugal, terra que em 2009 terá um crescimento nulo e onde o desemprego aumentará, mas olho para muitas caras e em vez de garra, vejo monotonia. Em vez de ambição, a acomodação total a um trabalho cuja remuneração alimenta o suficiente, com um horário de função pública, sem exigir nada mais, pelo menos nada daquilo que sonhámos nos sweet little sixteen. Quando é que a nossa meta começou a ser não sair do nosso mundo mais do que 100 Km, chegar a casa às cinco, receber mil e poucos euros, sentar a ver a bola e fazer isto, todos os santos dias, mesmo que tivéssemos sonhado com algo bem melhor? Não estou a dizer que as pessoas devam ser insensatas, redes de seguranças não há muitas, mas se as temos, porque não, pelo menos, almejar por algo mais e, enquanto não temos crianças a nosso encargo, como a maioria de nós, os da faixa dos vinte e tal, arriscar. Apenas isso, arriscar. Tendo um porto seguro como muitos dos apáticos desta terra têm, porque não simplesmente voar?! Pode não ser indolor… mas caramba, não nos fará melhor ao espírito, quando, aos cinquenta, olharmos para trás e virmos que, no mínimo, tentámos?
Sou adepta do relativismo cultural, e, da mesma forma, aceito qualquer ideia de assentar aos 25, de estagnar pelo mais fácil, ou simplesmente deixar de lutar e de acreditar que é possível estar melhor. Mesmo não sendo aquilo que eu quero para a minha vida (apesar de como todas nós esperar por aquele que me acompanhará nas minhas aventuras, nem que precise de tempo para lá chegar), acredito que há pessoas que o desejam. Mas, mesmo assim, olhando para as asas fechadas que me rodeiam, só me apetece questionar: Quando é que raio deixámos de sonhar?
Esta semana parei para observar os que me rodeiam, mais perto ou mais longe, e cheguei à conclusão que, de facto, estamos a envelhecer cada vez mais rápido de espírito, enquanto escondemos as rugas com cremes milagrosos e tratamentos caríssimos. Desde quando é que as mulheres de vinte e pouco aceitam que os namorados gostem de outra pessoa sem refilar, sem lutar por isso, sem se darem uma hipótese de serem felizes com quem realmente gosta delas, única e exclusivamente?! Será o medo da solidão mais um fantasma que ataca pessoas cada vez mais novas? Habituámo-nos a ouvir que a vida é demasiado curta, mas não tanto. Acredito que ainda há vários caminhos a percorrer e várias portas que podemos escolher para sermos o mais felizes possível. Se alguma não for correcta, temos tempo para voltar atrás e abrir outra, o nosso prazo de validade não expira assim tão facilmente. Teremos desaprendido a respirar fundo e a acreditar mais em nós, não aceitando se não for o melhor, lutando até lá chegarmos? Estaremos assim tão dependentes de alguém para nos sentirmos completas e estáveis, esquecendo o que é gostarmos de nós ao espelho, mesmo sem alguém ao nosso lado, a acariciar-nos as costas? É bom gostar de alguém, e querer fazer tudo por essa pessoa, mas se não somos únicas, não haverá qualquer sentido numa entrega diária, completa, cultivando uma relação que nunca será aquela que esperamos, ou que tivemos um dia. A menos que estejamos totalmente felizes com a partilha do nosso par perfeito. Se assim for, nada a acrescentar.
Sinto o mesmo relativamente à nossa apatia perante o emprego. Não sei se será por estarmos em Portugal, terra que em 2009 terá um crescimento nulo e onde o desemprego aumentará, mas olho para muitas caras e em vez de garra, vejo monotonia. Em vez de ambição, a acomodação total a um trabalho cuja remuneração alimenta o suficiente, com um horário de função pública, sem exigir nada mais, pelo menos nada daquilo que sonhámos nos sweet little sixteen. Quando é que a nossa meta começou a ser não sair do nosso mundo mais do que 100 Km, chegar a casa às cinco, receber mil e poucos euros, sentar a ver a bola e fazer isto, todos os santos dias, mesmo que tivéssemos sonhado com algo bem melhor? Não estou a dizer que as pessoas devam ser insensatas, redes de seguranças não há muitas, mas se as temos, porque não, pelo menos, almejar por algo mais e, enquanto não temos crianças a nosso encargo, como a maioria de nós, os da faixa dos vinte e tal, arriscar. Apenas isso, arriscar. Tendo um porto seguro como muitos dos apáticos desta terra têm, porque não simplesmente voar?! Pode não ser indolor… mas caramba, não nos fará melhor ao espírito, quando, aos cinquenta, olharmos para trás e virmos que, no mínimo, tentámos?
Sou adepta do relativismo cultural, e, da mesma forma, aceito qualquer ideia de assentar aos 25, de estagnar pelo mais fácil, ou simplesmente deixar de lutar e de acreditar que é possível estar melhor. Mesmo não sendo aquilo que eu quero para a minha vida (apesar de como todas nós esperar por aquele que me acompanhará nas minhas aventuras, nem que precise de tempo para lá chegar), acredito que há pessoas que o desejam. Mas, mesmo assim, olhando para as asas fechadas que me rodeiam, só me apetece questionar: Quando é que raio deixámos de sonhar?
Etiquetas: Estórias Histórias Textos e Poesias
6 Olhares:
Concordo bastante com este teu post... só não percebi aquela parte de receber mil e tal euros!!!
Eu tenho dois empregos, vou a caminho do terceiro e ainda trabalho como freelancer, e mesmo assim, quando consigo arrecar uns mil euritos, logo se dispersam entre segurança social, seguro do carro, imposto do selo, material para isto e para aquilo, gásoleo em dose elevadíssima, mudanças de óleo, e se ainda sobra alguma coisa, dou-me ao luxo de ir jantar fora com os amigos ou permito-me uma ida excepcional ao cinema...
Tudo isto para dizer: arrisquemos!
É agora ou nunca! The time is now!
É que neste país à beira-mar plantado, que tanto amo de corpo e alma, neste momento, não se vive, sobrevive-se!
Aproveitamos a garra dos intes, a vivacidade que ainda nos anima e caminhemos em busca de algo melhor, para que um dia mais tarde, seja qual for o resultado da nossa viagem, saibamos pelo menos que tentámos, e que apenas essa tentativa já foi um voo que nos permitirá ter asas para outros momentos vindouros.
Beijinhos
R.
Pois, de facto... Mas essa é a verdd, para quem recebe mto pouco, mil e poucos euros torna-se uma meta inatingível, e passa a ser o nosso objectivo, seja quao diminuto for. Simbolizam a apatia de muitos que querem meramente sobreviver.
mas não nos contentamos com pouco, por isso, rumo a Nova Iorque!
Acho que vocês tão mais ou menos assim.
"Vamos sair!
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos
Estão procurando emprego...
Voltamos a viver
Como há dez anos atrás
E a cada hora que passa
Envelhecemos dez semanas..."
Exactamente! Estamos a envelhecer aqui...
O Brasil está assim desde os anos 80.
Melhorou um pouco nos últimos anos, mas ainda falta muito.
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