Caminho para o Jardim V
Dias passados a sobreviver sozinho, Rigel continuava verde e vigoroso. O jardineiro esmerou-se naquela plantinha e agora todo esse carinho dava frutos. À sua volta, outras como ele já haviam sucumbido às oscilações de temperatura e nebulosidade que a falta do jardineiro agravava, mas esse não era o seu caso. Guardava demasiado bem as provisões reunidas e as memórias de um tempo ao qual não queria apenas voltar, mas perpetuar. Não era o passado que o tornava forte, mas a meta do presente, e o futuro...
-- Como acontece com todos os heróis que se prezem, minha cara.
-- Ah diz bem, sua excelência, perdido por aqui hoje?
-- Mesmo o mais valente guerreiro precisa de um tempo de reflexão e descanso. Se quiseres saber, no meu sonho ando sereno, estou parado naquele bosque que já conheces, sentado numa pedra amaciada pelo tempo, na qual consigo ganhar coragem para enfrentar o que vier. Tenho consciência dos olhares que sobre mim pesam diariamente, como disseste, mas não me incomodam. Sei que esperam muito de mim, que eu não tome o caminho errado e estão prontos a socorrer-me caso tenha de seguir o percurso abismal, no negro doentio do Munch, que é muito pior do que aquilo que foste dizendo nas tuas divagações anteriores pela minha aventura. Os olhares são por isso até de certa forma apaziguadores, a segurança que preciso para continuar neste caminho sem voltar atrás (até porque voltar já não é algo que possa equacionar), mas sem fugir pelos atalhos de saída escondidos no meio da vegetação e que se abrirão em caso de cobardia tal. E eu não sou cobarde! Não posso ser, mesmo a aguentar sozinho, desafiei-me, agora tenho de provar a força com que me semearam, e a persistência com que me cuidaram. Sentei-me então durante uns momentos, e assim me encontro, dando à paciência do tempo e ao sabor doce e calmo da brisa, que levantou por momentos todos os aromas do lugar onde norte e sul se encontram e hemisférios são um só, espaço para cuidarem de mim, da minha alma.
-- Pareces hoje muito mais maduro do que da primeira vez que falámos, gosto de ver.
Rigel esboçou naquele instante o primeiro sorriso sereno e calmo, distante do frenesim de uma paixão louca, efémera, gargalhadas eufóricas que eram presença em anteriores conversas. Os olhos brilhavam, sem perder o dinamismo e alegria que sempre teve, mas com uma paz de quem sabia o que era e o que queria. Rigel tornara-se num segundo apenas, o adulto que me fitava, a planta que, aos meus olhos, sabia onde ir, mesmo sem saber se conseguiria ou como lá chegar. Isso naquele momento não interessava. Amadurecera sem se perder, e fosse qual fosse o futuro, a consciência de si ninguém lha tiraria, nem todos os Munchs do planeta.
Ficámos assim, os dois, quietos, tranquilos, aguardando e desejando silenciosamente, saboreando cada minuto na calma daquele estar.
-- Como acontece com todos os heróis que se prezem, minha cara.
-- Ah diz bem, sua excelência, perdido por aqui hoje?
-- Mesmo o mais valente guerreiro precisa de um tempo de reflexão e descanso. Se quiseres saber, no meu sonho ando sereno, estou parado naquele bosque que já conheces, sentado numa pedra amaciada pelo tempo, na qual consigo ganhar coragem para enfrentar o que vier. Tenho consciência dos olhares que sobre mim pesam diariamente, como disseste, mas não me incomodam. Sei que esperam muito de mim, que eu não tome o caminho errado e estão prontos a socorrer-me caso tenha de seguir o percurso abismal, no negro doentio do Munch, que é muito pior do que aquilo que foste dizendo nas tuas divagações anteriores pela minha aventura. Os olhares são por isso até de certa forma apaziguadores, a segurança que preciso para continuar neste caminho sem voltar atrás (até porque voltar já não é algo que possa equacionar), mas sem fugir pelos atalhos de saída escondidos no meio da vegetação e que se abrirão em caso de cobardia tal. E eu não sou cobarde! Não posso ser, mesmo a aguentar sozinho, desafiei-me, agora tenho de provar a força com que me semearam, e a persistência com que me cuidaram. Sentei-me então durante uns momentos, e assim me encontro, dando à paciência do tempo e ao sabor doce e calmo da brisa, que levantou por momentos todos os aromas do lugar onde norte e sul se encontram e hemisférios são um só, espaço para cuidarem de mim, da minha alma.
-- Pareces hoje muito mais maduro do que da primeira vez que falámos, gosto de ver.
Rigel esboçou naquele instante o primeiro sorriso sereno e calmo, distante do frenesim de uma paixão louca, efémera, gargalhadas eufóricas que eram presença em anteriores conversas. Os olhos brilhavam, sem perder o dinamismo e alegria que sempre teve, mas com uma paz de quem sabia o que era e o que queria. Rigel tornara-se num segundo apenas, o adulto que me fitava, a planta que, aos meus olhos, sabia onde ir, mesmo sem saber se conseguiria ou como lá chegar. Isso naquele momento não interessava. Amadurecera sem se perder, e fosse qual fosse o futuro, a consciência de si ninguém lha tiraria, nem todos os Munchs do planeta.
Ficámos assim, os dois, quietos, tranquilos, aguardando e desejando silenciosamente, saboreando cada minuto na calma daquele estar.
Etiquetas: Estórias Histórias Textos e Poesias
2 Olhares:
Que rigel alcance suas metas.
:) fará por isso, caro leitor e comentador fiel da história de Rigel. :)
Beijo
M.
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