Oh Gente da Minha Terra
A todos aqueles que menosprezam a cultura que nos faz tão únicos e genuínos. Aos mais tradicionalistas e aos que avançam. Para mostrar que Portugal não é o estagnado no tempo de D. João, e que as mulheres de hoje não têm bigode nem usam lenço à cabeça. Que não usamos as expressões bacocas que lá fora pensam que proferimos em cada frase. Que somos uma gente linda, com talentos irresistíveis, tez morena e olhos expressivos. Temos novas vozes, novos tons, novas caras. Temos sangue quente a correr nas veias e movimentos sensuais. Somos parte de uma gente que chora, ri e dança. Que semeia no Inverno, cuida da flor na Primavera, colhe no Verão e aguenta a queda do Outono. Que sente a latinidade no corpo, e a herança árabe, e a coragem lusitana. Porque se não fossem as políticas económicas, as “governices”, não haveria outro país onde estivéssemos melhor!
É meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
As cordas de uma guitarra
Sempre que se ouve… um gemido
De uma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar
Oh gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi.
É meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
As cordas de uma guitarra
Sempre que se ouve… um gemido
De uma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar
Oh gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que recebi.
3 Olhares:
É impossível não nos arrepiarmos ao ouvir a nossa Mariza cantar este lindo fado... os ouvidos enchem-se de música, os olhos enchem-se de água, a pele enche-se de arrepios, o coração enche-se de algo que não consigo descrever em palavras, e a alma,a alma, essa transborda para fora de si, muito além das dimensões de tempo e espaço, levanta voo e por momentos deixo mesmo de saber onde ela está... algures no azul do céu... algures...algures...
Adoro o nosso país, adoro ser portuguesa, adoro o nosso FADO, o vinho do Porto e o moscatel, as encostas do Douro, a torre da universidade de Coimbra a bater a meia-noite, adoro os estudantes e as suas serenatas, adoro o Mondego, adoro o bacalhau a nadar em azeite, adoro as planícies do alentejo, o mar salgado que anima a nossa costa, os pastéis de Belém e as bôlas de carne de Lamego, a alheira de Mirandela, o bairro alto e as casas de fado, os cafés do povo com moelas e chouriça assada, adoro favas, adoro o céu de Lisboa a abrir-se sobre o Tejo, adoro o Algarve mesmo que já seja mais estrangeiro que português, adoro a palavra SAUDADE, adoro os olhos castanhos, adoro esta altura de meio metro, esta forma explosiva e expansiva de comunicarmos, adoro a garra e a alegria de viver, adoro as piadas, a guitarra portuguesa, as musicas de intervenção, o cancioneiro popular, os poemas de Pessoa, as bandeiras portuguesas na janela em jeito de incentivar a selecção, adoro esta paixão que nos move, este sangue que em tudo está presente e que nos torna estes seres tão emotivos, tão autênticos que vivem e vibram e falam e ouvem e dançam e calam e sentem, sempre como se a vida e o ar que respiram lhes saísse das entranhas... adoro, adoro... tudo e tanto e com tanto gosto que até receio esquecer-me de algo nestas vãs letras que compõem palavras que estruturam frases...
um grande beijinho para uma verdadeira portuguesa que não tem medo de elogiar um país que tantos se empenham em criticar..
Quão mais triste seria o mundo, sem a profundidade dos nossos olhos escuros, o fogo que incendeia os nossos passos e a luz que irradiamos!!!
É isso, R., somos maravilhosos!
E vivam as moelas tb!:P
Goste-se ou não da Mariza, goste-se ou não de fado: quem não se arrepia não é português.
Beijinho miúda.
Até Fevereiro!
saudades!
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