Timor - A Ferro e Fogo ( na RTP1)
A história de Timor nunca deixa de me arrepiar. A coragem de todos os que nas montanhas lutaram pela independência, e até daqueles que nos bastidores contribuíram para uma pátria livre, é algo de realmente grandioso… Está agora no intervalo a série da RTP 1 sobre Timor, com um ponto meu favorável por não ser daquelas séries em que todos falam inglês independentemente de serem de qualquer parte do mundo não anglófona. Gostei bastante disso no Syriana, e estou a gostar agora, especialmente quando no meio de um diálogo surge um “obrigado” ou um nome cujo som é familiar, como “João” ou “manta”. Sente-se uma proximidade estranha, uma ligação diferente, que revela a relação que Portugal teve com o país, que deveria ser a razão principal para uma cooperação e ajuda na reconstrução e capacitação de Timor.
Há muitos que não acreditam na cooperação, e eu própria a questiono muitas vezes por ser demasiado distante e ineficaz, mas havendo uma receptividade para um tratamento igual e baseado numa relação de países soberanos e não de financiador-submisso, não seria saudável uma entre-ajuda?
Como se nós não precisássemos de ajuda… pois.
(foi escrito ontem mas só o conseguir inserir hoje no blogger, que estava ontem em manutenção)
Há muitos que não acreditam na cooperação, e eu própria a questiono muitas vezes por ser demasiado distante e ineficaz, mas havendo uma receptividade para um tratamento igual e baseado numa relação de países soberanos e não de financiador-submisso, não seria saudável uma entre-ajuda?
Como se nós não precisássemos de ajuda… pois.
(foi escrito ontem mas só o conseguir inserir hoje no blogger, que estava ontem em manutenção)
5 Olhares:
E o mundo está cheio de injustiças...
“Imaginemos uma criança e um adulto no Paraíso, ambos mortos na Fé Verdadeira, mas tendo ao adulto sido atribuído um lugar mais elevado. E a criança pergunta a Deus, ‘Porque deste àquele homem um lugar mais alto?’. E Deus responde, ‘Ele fez muitas boas acções’. Então pergunta a criança, ‘Porque me deixaste morrer tão cedo que fui impedido de praticar o Bem?’. Deus responde, ‘Eu sabia que irias crescer como um pecador, foi por isso melhor que morresses enquanto criança’. Sobe então um grito dos condenados nas profundezas do Inferno, ‘Porquê, ó Senhor, não nos deixaste morrer antes que nos tornássemos pecadores?’”.
al-Ghazali1, século X
O mundo está cheio de injustiças, concordo. Mas não será o mundo composto de seres humanos que podem sempre minorar as consequências das injustiças?! Já bastam aquelas que estão inerentes à nossa própria condição social, económica,etc do meio onde nascemos e que resultam das relações pessoais que ao longo da vida estabelecemos... se pudermos evitá-las a povos que nem têm hipótese de sentir as superficialidades que sentimos não seria mais justo?
Que injustiças existem para além das que referiste?
As injustiças são sempre inerentes à condição social, económica, de pertença étnica, racial, religiosa e sobretudo da forma como nos relacionamos ou pelo contrário da nossa incapacidade para nos relacionamos.
Se pudéssemos evitar... seria a revelação da maturidade que infelizmente não temos, sobretudo a dos que estão nos centros de decisão.
Não penses que discordo do teu post. Claro que concordo.
O meu etc era para todas as que enumeraste e estão para mim inerentes à própria noção de injustiça no relacionamento inter-pessoal. Eu própria me sinto um produto do meio onde estou e onde fui criada, com todas as limitações e condicionalismos que esse mundo impõe e cujo grilhão tantas vezes tento quebrar… algumas vezes em vão é certo.
Eu não sei se poderemos falar em maturidade neste tipo de caso, entendo-a como sendo ela mm produto do que nos rodeia, sendo que o que é maturo para uns pode não ser assim entendido por outros. Falo mais facilmente em “humanidade”, algo que nos falta em muitos casos. Falta olharmos para as pessoas como iguais e humanos como nós, e conseguirmos criar uma simulação em que nos coloquemos exactamente no lugar dos outros e sentirmos o que eles sentem. Ironicamente essa é uma característica que muitas vezes nos falha enquanto seres humanos, e que outros animais têm… Lembro-me perfeitamente de várias situações em que os meus cães que, ao sentirem outro em perigo, acorrem com carinho e ajuda.
E isso não é “caridadezinha barata”, é espírito de sobrevivência. (cont.)
Acabei de ver ontem a dita série sobre Timor. Sinto como de facto muito real a necessidade que se deve sentir de voltar ao local onde somos úteis sem mesquinhices. É um dos grandes medos no caso de fazer alguma missão -- nunca conseguir adaptar-me a um local apenas por ter o meu coração espalhado por muitos sítios.
O abandono da população em sofrimento por parte das entidades internacionais, demonstrado na série, é algo que compreendo, mas acho completamente revoltante. Peacekeeping é difícil, mas para que seja eficaz ter-se-á de (re)determinar e definir muito bem as suas condições à partida. E aqui a humanidade tem de ser muito bem racionalizada, evitando os casos absurdos (como colocar os capacetes azuis no meio de facções em luta, na linha de fogo de uns e outros), sem poder defender ninguém efectivamente.
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